segunda-feira, 2 de maio de 2011
Placenta
Eu tenho que ser.
domingo, 1 de maio de 2011
O bem do mar é o mar é o mar é o mar é o mar
Estou brega e redundante de novo.
Mas tudo é mais fácil na areia.
O mar balança a noite toda e assim a gente não morre.
Temos 15 anos e o sonho de um mundo inteiro nas nossas bocas. Na contra mão de tudo.
Virilha molhada. Os olhos cheios.
Tudo é novo. Eu quero tudo eu quero tudo eu quero tudo e tenho medo e não quero mais e depois quero de novo.
Outro pulmão que respira e verte e entende.
O gosto da tinta tá ficando velho...
E agora 850 quilômetros de asfalto quente entre nós.
Os tempos de emancipação emocional chegaram.
Então eu acordo e sacudo os sonhos do meu cabelo.
terça-feira, 5 de abril de 2011
Sangre sangre sangre sangre sangre
Minha cabeça contra um peito.
A boca onde deveria estar. Molhada. Cuspe. Gozo.
Sangue de novo.
Nos meus dedos de novo.
Estou parada exatamente aqui.
Montada bem em cima do topo da minha própria vida.
De toda tralha que eu juntei.
De toda a bosta sensível que eu sou e não sei/tenho onde enfiar.
GRANDE MERDA que eu gosto do vento (enquanto a vida cai e cortaram a água de novo).
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Sobre a Ana, meu amor e minha pélvis
terça-feira, 23 de novembro de 2010
O meio do fim
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Olha meu amor, eu estou voltando
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Sobre eu mesma que eu não sei e não estou
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
En la lluvia me prometiste tu sangre
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Sobre a Cidade e a Noite
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Sobre mim mesma, a Madeleine e o sexo
E aqui vou eu.
Meio-dia. Sempre esse silêncio estranho que faz meio-dia - mesmo em São Paulo - parece que o som grita abafado... Deve ser toda a comida no estômago.
O silêncio, a barriga pesada e esse calor de suar um pouquinho mesmo no inverno. Não existe nenhum cheiro/cor/música/coisa mais capaz de me transportar pra tempos remotos do que o combo som do meio-dia+barriga cheia+calorzinho.
Juro que se fecho o olho eu tô lá. É gelado na sombra e adoro levantar a blusa pra sentir o piso frio contra a barriga quando eu deitar no chão virada pra baixo - só o rosto no sol já tá bom.
O barulho do carro do pai passando nas pedrinhas -13hs, hora de voltar pra Depaschoal - e o cheiro do almoço que ficou e o detergente que começou a lavar a louça. Globo esporte na TV. A TV tá um pouco mais alto do que eu gostaria, mas tem comida demais na barriga pra eu levantar agora. Uma mosca pousa devagar no meu joelho.
A Paloma deita por perto e eu fico reparando que ela tem uma tetinha a menos - ou uma a mais, e que o tempo é justo e eu odeio que ele passe e já aparecem nela os cortes, as rugas, articulações inchadas e tortas. Penso que logo ela vai morrer e eu vou ficar triste porque nunca nenhum outro cachorro vai ter usado brinco e velejado os mares de Laguna com um pescador antes de ser meu.
Daí eu penso na morte e penso que um dia minha mãe vai morrer e choro rapidinho escondida e eu fico tentando pensar em outra coisa e desejando morrer primeiro pra nunca ter que ver ninguém morrer. E então eu fico bem com a idéia de morrer primeiro. Estico a cabeça só um pouco e enxergo a casa onde a Madeleine morava e desejo que ela volte pra gente poder brincar de Titanic na escada e de coisa proibida também, de baixo do tapete da sala dela.
Sinto vergonha por estar lembrando disso mas pulsa entre minhas pernas e é gostoso.
"Fecha essa perna guria! O Geraldo tá ali fora!!!"
Dou um pulo e o coração dispara, como se ela pudesse saber no que eu tava pensando. Vou me mexer pra fechar a perna mas perco o conforto da posição e aproveito pra levantar num impulso - fico cega por uns segundos, preciso aprender a levantar devagar - roubo umas bolachas da vaquinha do pote de vidro e lá vou eu...
terça-feira, 1 de junho de 2010
Sobre as vidas novas e as velhas e Iemanjá
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
E todo o meu suor foi pelo ralo, enfim
E o drama enforcado dentro do meu guarda-roupas. Esperando eu abrir a porta pra me mostrar a cara branca e sem sangue de morte.
Hoje eu sucumbi.
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Aqui fora não há estrelas
Ela perguntou enquanto tentava tapar as feridas abertas da cara dela no espelho.
-Ou eu tomo uma overdose de morfina e finjo que tô dormindo no céu? Hein?
A-ha-ha. No colinho de deus. Céu... Essa historinha de céu nunca me convenceu não, menina. Vê se não escuta tudo que te contam. A vida parece um pouco com um hotel de rodoviária: sujo e sem cortinas. Não é qualquer um que aguenta muito tempo não.
E cadê o tal do céu aqui agora pra consertar minha pele doente? Hãn?
Eu sô só mais uma filha sem mãe nem céu porra nenhuma. Outra filha da dor desses corredores da noite, feitos de mijo e sangue. O teu mijo e o meu sangue.
Mas medo eu não tenho faz tempo.
O trem da morte apita apita apita e pára, e daí, você pondera, não vê nada melhor e embarca. Acende um cigarro amassado, estica as pernas e espera.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
"O céu brilhante e vazio sobre os lados rasgados da cidade"
O cheiro de fritura e esgoto.
O vento violento na janela - feito um papai bêbado que chega em casa com sede de estilhaçar (um genital).
E meu coração semi-vivo cravado no pedestal do céu, de lanchinho pr'algum deus esfomiado. Canibal.
Deus estuprador de sonhos.
segunda-feira, 15 de junho de 2009
...
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Sobre mastigar mastigar e cuspir de volta, igualzinho
De mim tão redundante.
Dessa cópia barata de mim mesma reproduzida um milhão de vezes igual igual e de novo...
Não sei. É só que parece que não consigo mais escrever as coisas.
Talvez seja só o frio.
Espero que não seja apatia à vida. Tudo, menos apatia.
Morro de medo de perder a capacidade de contemplação.
Parece que algo já se perdeu. Talvez tenha sido a sorte.
Mala suerte.
Queria deitar de novo no colo d'agua de Iemanjá, chupar-lhe os peitos com devoção, e então dormir em paz.
quarta-feira, 29 de abril de 2009
Sobre a manhã amassada e só
E a manhã chega assim, tão densa que é quase sólida. Quase esbarro nos pedaços de dia que começam a surgir sobre os carros barulhentos e me perturba. A manhã parece um pouco com uma perua efusiva que vive numa casa bonita segura e que não enxerga um palmo na frente das fuças. Tenho vontade de arrebentar a cara da perua até que ela morra afogada com o próprio sangue grosso preto pra sentir um pouquinho de vida que ferve. Ainda que a culpa seja minha. Ainda que.
Tenho medo porque sou um pouco hipócrita e na verdade estou mais perto da perua do que do mendigo louco que eu idolatro e afasto. Idolatro e afasto, idolatro e afasto... acabo fugindo com as calças mijadas de pavor fedido. Bela sina esta de pisar nos meus próprios pés. Bela sina esta de achar bonito - do outro lado do muro. Apesar destas bolsas pesadas que carrego e enrolam nos meus joelhos hoje e do suor que me escorre. Apesar dos olhos ardendo, do ombro que dói e da boca seca de noite chacoalhada. Apesar da fome agora. Apesar do relógio.
Apesar de.
Na verdade verdade verdade estou mais perto é de mim mesma. Quase sentada no meu próprio colo vazio de tanto meio-termo. Nem quente nem frio, pequeno e só. Que possa ser o teu bom lar, ao menos. Já que não o meu.
Uma puta esbaforida atravessa na minha frente. Tão linda assim trôpega e ofegante, cheia de brilho apagado e tão cansada quanto eu nesta quase-manhã frenética que não me dá licença nem pra existir. Nem pra dormir um pouquinho. Agora que eu finalmente ia dormir.
Agora que.
sexta-feira, 24 de abril de 2009
My bloody gargantine
Parecia com um lar.
Um lar estreito. Eu caminho caminho neste corredor apertado e por mais que eu afunde um pouco na bosta é sempre macio.
Entorpecida pela luz amarela aqui. Casa.
O assoalho que range sob nosso peso de domingo. O cheiro do alho e do creme azul da avon nas mãos cheias de veias da minha mãe. O seio macio. O suor sobre os labios finos lindos dela. O suor no cabelo dela. Eu queria poder secar e curar tudo nela com minha língua áspera.
terça-feira, 10 de março de 2009
Sob nosso manto de escombros
- Eu tenho gosto de que?
Mais uma lambida e um uivo de vida. Respiração molhada. Outra lambida.
Duas. Três. Quatro lambidas. Coração em pêlos. Uns segundos mudos. E a resposta:
- Tem gosto de carne que rasga. De tempo que derrete. De vingança que não acaba nunca.
domingo, 8 de março de 2009
Outra súplica rápida
Da noite acordada ou do espancador de vidas?
Deus soberbo pai de toda frustração e todo o medo, livrai-me de mim. Amém.
Sobre a noite e a noite e a noite (e as pessoas-janela)
Noite muda. Mais uma vez.
A vida em quadrados. Assisto aqui, do alto, recortes de tanto numa cápsula 1x1. E com cortinas.
A moça do sofá coça a perna. Pisca pra tv que não pisca de volta. Acho que ela não vai acordar cedo amanhã, assim como eu. Podíamos sentar lá embaixo nós duas e deixar a noite morrer. Ela podia me dar uma meia dúzia de frases prontas, que seja. Eu lhe daria mais meia dúzia e deu. Quem sabe até não veríamos dentro do buraco quente dos olhos uma da outra? Sei lá. Ela nem me deixou propor. Foi o tempo de eu correr buscar esta caneta e ela sumir do sofá dela sobre o mundo.
Ta lá o sofá. Imbecil.
Me olhando baldio.
Aquela toalha meio rasgada. A sala limpinha quente aconchegante - hostil pra mim. Sussurrou na minha cara um "boa noite venha morrer confortável aqui na luz amarela" e eu estremeci. Vomitei.
Eu preciso da rua agora e sei que não vou ter.
Ainda morrerei de calor ou insônia ou câncer na canela esquerda.
A rua está longe-logo ali embaixo. Só uns dois ou três lances de escada.
Mas e achar uma camiseta? E encontrar as chaves? E o maço? E ficar lá conversando com o banco de novo?
Sei que vou ficar aqui assim. Meio patética. Com esse sono azedo meio não sono.
Escrevendo sob a luz de uma lanterna fajuta e a sombra de alguém que dorme sem mim.
Gostaria que dormisse em mim hoje.
Sobre o asfalto quente
Eu de gozo e saudade e medo e vida.
A vida é úmida, não é?
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
Sobre os milhões de dias de um mês do ano
domingo, 8 de fevereiro de 2009
Uma carta suplicante
recolha estes meus retalhos doloridos e me ajude a enfiar no cu de deus e fazer um mosaico colorido lá dentro.
domingo, 21 de dezembro de 2008
Sobre o Pedro Fanático e a sua janela na rodovia
Hoje parou e eu não quis continuar.
Escorrendo pelos buracos quentes dos meus dedos. Buracos quentes do mundo. Isso que acontece de um ardume bem de baixo da pele do rosto rosa. De baixo do nariz que também pinga pinga e foge.
A cidade e as suas texturas deliciosas quase parando. Texturas doloridas. A cidade e seus fantasmas do domingo dormido.
Domingo de Pedro. O Pedro vermelho na janela vermelha limpando a cadeira encardida, quase imóvel. Eu podia jurar que ele morreu. Ele some e volta e meu coração bate aqui. De alma vermelha borrada. Pedro dormido da janela da minha alma imunda.
Pedro sumiu.
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Viajantes na tormenta
Alguma coisa tem que se mexer aqui - e eu mal consigo respirar. Tem só estes ratos(os nossos ratos) correndo e rasgando tudo furiosos aqui dentro.
E eu aqui divagando sobre ficar acordada e a morte, o amor e o amor, o suor e as estradas pesadas que me levam à ti.
É como se eu estivesse sentada no canto oposto de um outro salão enorme vazio no lado sem sol da cidade, e a ponte quebrou e eu não posso chegar até aí. Não posso, eu não posso! Não há nenhuma ponte rápida aqui. Não é tão fácil quanto atravessar a porta do quarto e roubar o ar que vem direto do teu nariz when you sleep nos tons de azul que a madrugada te pinta tão bonito. Não é, e isto me sangra.
Meu peito já foi todo escorrido pelos gritos e agora jaz aqui no chão do meu lado, ardido.
Ardendo.
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Cospe-me
Talvez esta seja mesmo a lição da dinâmica: nunca conseguir encostar o limite. Mas, porra, eu quero encostar nos tijolinhos cor de laranja(podre)! Encostar não, arrebentar a parede e chegar do outro lado, assim - cuspida, sem precisar de convite mesmo. Nem recepção.
Igual nas grandes corridas dos desenhos animados já cheios de poeira: arrebentando a fita de marcação. F u r i o s a m e n t e. Igual à Vênus sem peles que rodopia rodopia até ficar tonta e cair e atravessar o chão e chegar, finalmente, na minha cama. Sangue. Tão nua. Quando se está sem peles, a gente consegue machucar com um sopro só, sabia?
E também, merda, quem precisa de uma lição de moral como desfeche de um filme?
Hoje meu café ficou choco - me vejo no espelho, do outro lado do copo. Só pouquinha coisa turva e borrada, mas talvez nem seja culpa do café.
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Sobre canetas pesadas que não escrevem
Hoje eu precisei de uma caneta e ela estava mais perto.
Foi então que eu descobri que a única coisa que esta caneta não faz é: escrever!!!
É, a tinta fica falhando, terrível.
sábado, 8 de novembro de 2008
Vênus sem peles
A folha balança devagar e o céu continua claro.
Será ainda o mesmo dia de tantos dias atrás?
Sinto que falta algo aqui hoje. E talvez seja eu mesma.
Sangue, amor. Sangue, meu amor. Meu. Sangue meu.
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Ralo
Quando eu chego aqui - exatamente aqui - no topo desta ladeira, vê? Então, quando eu chego aqui, eu começo a derreter e me desmantelo inteira.
Acho que é o centro da terra. Ou o final sem saída.
domingo, 2 de novembro de 2008
Refrão lento
E tudo parecia um pouco aguado e um pouco como uma aquarela que pegou chuva e depois caiu no chão e toda a tinta se misturou e se perdeu. Molhada.
Tá molhado e quente aqui, e bastante assombrado também. E é tão bom. Mas logo vem o mofo - eu sei, eu sei.
Parece que nunca vai parar de chover. E hoje eu desejo que nunca pare mesmo.
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Sobre o papai-noel aidético e sem barba do ônibus
E toda aquela gente magra e doente subindo no ônibus. Tão melhores do que eu.
Aqui tão limpinha, tão ilesa. Tão virgem. Tão sentada.
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Music is your special friend.
E poder ficar ouvindo e ouvindo e engolindo e ouvindo ela.
"Hit me!"
Não sei se foi a cafeína, não sei se foi o David Lynch, não sei se foi toda a chuva que tomei no começo da tarde...
Mas o engraçado é que eu usava veludo azul!
Eu devia estar no auge dos meus quatro anos e ficava só esperando o dia feliz em que a mãe colocasse denovo o vestido de veludo azul em mim.
Veludo azul...
Hoje eu pintaria um quadro de uma pessoa sentada no meio de um banco grande no meio de uma praça grande - vazia - segurando um guarda-chuva quebrado e torto em uma das mãos e na outra segurando o cigarro secreto que ela fumava escondido. E ela ia parecer tão atormentada e dona de um segredo tão delicioso e tão desimportante pra todo o resto.
Mas ao invés do jeans preto eu ia colocar veludo azul nela.
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Her light is the night
O nublado é tão tão claro, faz a gente ficar com os olhos semi-fechados...
Imaculado.
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Sobre um prisma e a noite
Fica ali, balançando de leve, como quem tem medo! Precisa tanto do dia pra funcionar, pobrezinho.
Eu queria tanto que não existe a hora em que a gente tem que fechar as janelas "pra não entrar mosquito". Eu sempre sempre resisti até que tudo fique um breu só e ou eu acendo a luz logo ou dou com o nariz na parede. Sempre, e que venham os mosquitos!
Por isso eu gosto do dia, que insiste em ser dia mesmo quando todo mundo já acendeu a luz feia. E por isso eu não gosto das pessoas, que correm pra acender a luz amarela mesmo quando ainda tem dia pra clarear. Dai fica aquela coisa: a cidade cheia dos pontinho amarelo de merda e por trás o céu ainda clarinho, mas quase-querendo-ficar-preto. Não combina! Não combina, os dois, assim, juntos. A luz amarela parece tão agridoce e me faz vomitar tudo tudo em tudo!
Ao menos tá fresco aqui agora.
Se é pra ser noite, que seja mesmo noite, escuro.
domingo, 19 de outubro de 2008
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
O mundo parece vermelho
As estradas-pequenas tortas e cheias de vento e asfalto quente.
Eu posso ver a cidade morrendo sozinha lá em baixo e o cheiro de noite com whisky chegando.
Sobre o amor e um bumbo
Escorrendo! Era isso!
Eu me escorri todinha no ralo.