sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Sobre eu mesma que eu não sei e não estou

Eu costumava amar uma garota porque ela era mais velha, mais esperta, mais maliciosa.
Tinha tatuagens nos nós dos dedos e era sedutora.
Hoje eu também sou esperta, estou velha e maliciosa.
E a pia da minha cozinha está mofando. Minha imunidade está lá no pé e eu estou longe de casa e do mar.
Estou aprendendo a desenhar.
Fico desenhando mulheres peladas e suas bocetas. Grande irônia dos anos se desenrolam de um jeito esquisito e traiçoeiro e depois somem.
Eu sinto que estou ficando chata e ranzinza. Eu costumava ser radiante - me diziam.
Envelhe(burre)ci? Ou será só a falta de iodo?
Sei que aqui dentro ainda há euforia e loucura. Escondidos em algum lugar entre meu cansaço, algum músculo e meus ossos pontudos e podres.

É só que algumas noites parecem que não vão passar. Me sinto com 15 anos de novo.
Garotinha açoitada na escuridão.
Tudo está estático, imóvel. Lá fora. Aqui dentro. Tanto faz. O silêncio pesado engole a noite e me leva junto.
Fica essa tensão ridícula e o cheiro de morte. Morte morte morte feia e verde. Que não tem nada de bonito ou inspirador.

Um pouquinho de sangue ou vento pra chacoalhar as coisas, obrigada.



Her light is the night. I'm not blind, I belive in you. I see a green light...


2 comentários:

sorriso de mona lisa disse...

rise and shine, incinerate!



[está tudo aí, mas malicioso, com tatuagens, com experiência, com coisas que são suas demais para que um silêncio as tome de você. - você só precisa achar tudo isso de novo]



[bea, do login do google~]

Samantha P.S. disse...

bem vinda ao mar sem ressaca.
precisamos renascer, eu sinto isso.
porque voltar aos 15 anos é regredir.

aaah eu amo seu jeito de escrever! <3